sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Decálogo do Buda Sidarta Gautama


DECÁLOGO DO BUDA SIDARTA GAUTAMA

Para Candidatos, Governantes e Políticos em Geral

1) Praticar a generosidade, a compaixão e a caridade. Governante, político, pessoa pública, homem ou mulher, não deve sentir avareza nem apego pela riqueza e muito menos pela propriedade, devendo colocá-la primeiramente para o bem-estar público.

2) Ter um elevado caráter moral, ético e praticar virtudes. Nunca deve destruir vidas, trapacear, roubar, explorar outros, dizer mentiras.

3) Sacrificar tudo pelo bem do povo. O governante deve estar disposto a sacrificar toda a comodidade pessoal, assim como o nome, a fama e, se necessário, a vida em benefício dos governados.

4) Honestidade e integridade no desempenho de suas funções, estar livre do medo e de todo favor, deve ser sincero em suas intenções e não enganar o povo.

5) Amabilidade e doçura. Deve ser afável com todos em seu trato.

6) Costumes austeros. Deve levar uma vida simples, não se deixar subjugar pelo luxo e deve praticar o auto domínio.

7) Ausência de ódio, de má vontade e de aversão. Não deve guardar rancor a nada.

8) Não violência. Significa não causar dano a quem quer que seja. E também esforçar-se, em suas obrigações, a promover a paz, evitando as guerras e tudo aquilo que implique a destruição de vidas.

9) Paciência, indulgência, perdão, tolerância, compreensão. Deve ser capaz de suportar, sem encolerizar-se, toda sorte de penúrias, dificuldades e insultos.

10) Não oposição e não obstrução. Significa que o governante não se deve opor à vontade do povo nem obstruir nenhuma vontade que tenda ao bem-estar da população. Deve, em outras palavras, governar em harmonia com o povo.


"What the Buddha Taught", Walpola Rahula, USA, Grove Atlantic Press, 1959, 1st edition. This indispensable volume is a lucid and faithful account of the Buddha's teachings. For years, says the Journal of the Buddhist Society, the newcomer to Buddhism has lacked a simple and reliable introduction to the complexities of the subject. Dr. Rahula's What the Buddha Taught fills the need as only could be done by one having a firm grasp of the vast material to be sifted. It is a model of what a book should be that is addressed first of all to "the educated and intelligent reader. Authoritative and clear, logical and sober, this study is as comprehensive as it is masterly.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Reflexões e metas, no Darma

BUDISMO NO BRASIL PARA O SÉC. XXI
REFLEXÕES E METAS, NO DARMA

Flávio Marcondes Velloso

"A religião organizada mata o espírito,
sempre que o acomoda no que fazemos
e o inibe no que somos."
(FMV, Escritos Esparsos, 2008,
http://fmarcondesvelloso.blogspot.com)

 O presente artigo não tem a pretensão de ser uma sentença pronta e tampouco o receituário para a solução dos "problemas do mundo". Nasceu de honroso convite com que nos distinguiu o Reverendo Genshô, diante de perguntas que formulamos no Colegiado Buddhista Brasileiro, na condição de "Membros Colaboradores", em face da atenção de dois de seus insignes "Membros Fundadores".


 Difícil "mexer" com o status quo ante, mas o fazemos com espírito aberto e profundo respeito a cada ser humano. As diferenças de nossos corações e mentes nos fazem iguais em nossa condição de sermos homens. À frente, por certo, temos o Darma em comum escopo, a partir de nós próprios. Eis o intento de nossa reflexão.


 Para o que pretendemos propor, alguma segurança nos trazem nossas experiências profissionais - nacionais, internacionais. Mas nada dessa identificação sobre nossa pessoa tem importância. Não somos nada, não somos ninguém.


 As perguntas que apresentamos foram motivadas pela quase não participação das Sangas brasileiras face aos acontecimentos recentes no Tibete, por seu inafastável anseio de libertação espiritual, social, fim da violência e das transgressões dos direitos humanos pelos últimos cinquenta anos:


- "No geral, onde estariam as Sangas? Não seria o momento de o CBB recomendar definições e postura? É sabido de seus respectivos desafios internos, mas as Sangas continuarão sem responsabilidade social?"


 Reflitamos... Não estamos aqui para criticar ou disputar lugares ou louvores. Façamos isso com a elevação de nosso Buda interior. Pensamos que seja fundamental, nessa quadratura, estabelecer um "plano de metas" para os próximos anos e a partir dele trabalhar as comunidades envolvidas. Para tanto, é imprescindível ter a consciência do poder que o CBB detém e exercê-lo como um dever no Darma. Devemos contar com a luz de cada um dos senhores líderes, do que não seria ajuizado declinar.


 O que é uma Sanga? Qual a sua essência senão o Amor? Qual amor? Amar individualmente é humano. Amar universalmente trascende a nós mesmos. Qual a dimensão que devemos tomar para o seu efetivo exercício? Na harmonia da convivência comunitária, na mantença da consciência e do seu sentido social. Quando não atingimos isso não podemos considerar o que se denomina uma verdadeira Sanga.

 Lembra-nos Thich Nhat Hanh, apontando o evangelho de Mateus: - "Vocês são o sal da terra, mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? Para nada mais presta, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens." Para o cânone budista, os seus Reverendos, Monges, Mestres, Professores do Darma, no conjunto das Sangas, são o seu valoroso, temperado sal. Ainda o Venerável Vietnamita: - "o Buda disse que a água nos quatro oceanos tem um só sabor, o sabor do sal, assim como seus ensinamentos têm apenas um sabor, o sabor da liberação. Portanto, os elementos da Sanga são o sabor da vida, o sabor da liberação e temos que praticá-los de forma a nos tornarmos o sal. Quando dizemos que tomamos refúgio na Sanga não é uma declaração, é uma prática. É dito no Sutra da Terra Pura que se somos conscientes, quando o vento tocar as árvores ouviremos os ensinamentos dos Quatro Estabelecimentos de Atenção Plena, o Nobre Caminho Óctuplo... O cosmos todo estará rezando o Darma do Buda e o praticando. Se formos atentos, estaremos realizando essa Sanga".

 Restamos de inteiro acordo com essas observações. Hoje mais do que nunca não devemos abandonar nossa sociedade, nossa cultura ou nossas raízes. O Budismo deve praticar essa consciência nas Sangas e levá-las para fora. A prática budista deve formar e ajudar as pessoas a se ajudarem, a redescobrirem valores abafados pelos equívocos dos descaminhos e da "modernidade". Qual a melhor linhagem? Não há "a melhor", mas aquela em que mais se identifica cada um e interage em seu interior, "aclimatada" no espaço presente. Nessa abordagem, o Budismo brasileiro, como um todo, deve ter a autenticidade de assumir a sua cara, em parâmetros acertados. Esses parâmetros podem e devem ser estabelecidos pelo CBB. Até onde o CBB deverá recomendar a atuação social na formação e prática das Sangas brasileiras? O brilho pela ausência das Sangas no Debate nacional de 12 de maio último é algo emblemático, sintomático do tamanho trabalho e desafio pungente. E não se pode dizer da dificuldade de deslocamento em um país continental para se fazerem presentes, porquanto os sites de quase todas as Sangas e outros pessoais, cuja postura virtual seria didática, sinalizadora, não assumiram sua insubstituível parcela de atuação. Quase nenhuma notícia, quase nenhuma divulgação, quase nenhuma participação, quase nenhuma campanha, enquanto o Darma estava e continua a arder naquele espaço do globo.


 Por que o Tibete? O Tibete, por motivos óbvios, por ter sido invadido e sofrer há mais de meio-século um genocídio cultural, consequente e forçosamente ter o seu líder espiritual e político em exílio por todo esse período - ninguém menos que Sua Santidade o Dalai Lama -, com parte de sua gente igualmente em exílio, passou a representar, naturalmente, os anseios de liberdade e respeito aos direitos humanos dos povos de todo o mundo. Portanto, implicando em lídimo e decisivo exercício de nossa cidadania universal. Não desmerecendo outras regiões necessitadas, mas fortalecendo-as pela comunidade internacional em comunhão e partilha de valores, atuações pontuais. Mianmar etc. etc. etc.

 É imperioso fincar raízes aos nossos jovens, os quais, grosso modo, se encontram soltos de suas famílias, de sua sociedade, talvez pela desestrutura desses núcleos, carentes de algo a que possam pertencer e ligar a outros. Se a Sanga alimenta essa disposição formativa e age como uma grande família, os jovens sentem-se mais integrados e, por conseguinte, partícipes de sua comunidade consciente. As Sangas haverão de ter ciência que a dor do mundo é a sua "salvação". O amor universal, incondicional, possibilitando que perdoemos a nós mesmos em primeiro. E com a nossa transformação, mudando-se o que precisa ser mudado externamente, com muito respeito, resignação, compreensão, humildade e reconhecimento. Pois essa dor que nos contemplou em chegar até aqui é que possibilitará caminharmos ainda mais, muito mais.


 Valendo-nos da autoridade de Thich Nhat Hanh, "a prática é, portanto, fazer crescer algumas raízes. A Sanga não é um lugar para se esconder de forma a se evitar responsabilidades. A Sanga é um lugar para praticar, para a transformação e a cura do ego e da sociedade. Quando você é forte, pode estar presente de forma a ajudar a sociedade. Se sua sociedade está em confusão, se sua família está desestruturada, se sua igreja não é capaz de te prever vida espiritual, então você trabalha para tomar refúgio na Sanga de forma que possa restabelecer sua força, seu entendimento, sua compaixão, sua confiança. Então, você poderá usar sua força, entendimento e compaixão de volta para reconstruir sua família e sociedade, para renovar sua igreja, para restabelecer comunicação e harmonia. Isto pode ser apenas feito como comunidade, não como indivíduos, mas como uma Sanga. Uma Sanga não é uma comunidade de prática onde cada pessoa é uma ilha, incapaz de comunicar-se com os outros. Isto não é uma Sanga verdadeira. Nenhuma cura ou transformação resultará de tal Sanga. Há muito sofrimento, sim, e temos que abraçar esse sofrimento. Mas para ficarmos fortes, também precisamos tocar os elementos positivos e quando formos fortes, poderemos abraçar o sofrimento em nós e ao nosso redor".


 Quando conseguimos a formação de grupos conscientes, "capazes de sorrir, de amar", estaremos projetando confiança no futuro de forma a não perder o estímulo necessário para a prática quotidiana no presente. "Em uma Sanga boa e saudável há encorajamento para a mente do principiante, para nossa bodhicitta. Portanto, a Sanga é o solo e somos a semente. Não importa o quanto seja bonita e vigorosa nossa semente, se o solo não nos provê vitalidade, nossa semente morrerá. A mente principiante pode ser quebrada, destruída, perdida se não for nutrida ou apoiada por uma Sanga. Uma Sanga onde todos estão praticando a caminhada atenta, fala atenciosa, alimentação consciente parece ser a única chance para termos sucesso para terminar o círculo vicioso" do momento em curso.


 O Colegiado Buddhista Brasileiro já se perguntou quais as contribuições do Budismo que devem ser implementadas para a construção de uma sociedade mais ética, justa e compassiva? O seu contributo para o amadurecimento da democraticidade e do próprio Estado democrático de Direito na sociedade em que está inserido?

 O Budismo brasileiro deve ter a sua identidade, a sua voz e natural liderança no Colegiado. Todavia a conquista dessa autoridade está a meio caminho, dependente de uma maior e decidida atuação. É mister o estabelecimento eletivo desses pilares, internamente, de forma tão democrática quanto possível. Definido o seu corpo, sólida e harmonicamente, o mesmo precisará ser externado em nível de projeção nacional, interativamente junto a todas as Sangas. Observando-se que o pior dos critérios é melhor do que critério nenhum. Para tal sorte, a elaboração de seu Estatuto e de seu Regimento Interno se faz inadiável.

 Uma vez aprovados pelo CBB o seu Estatuto e o seu Regimento Interno, então a sua atuação devesse expandir para todas as Instituições, ligadas direta ou indiretamente ao Budismo. Quanto mais Sangas e Institutos afiliados, com aceitação expressa das diretrizes do Colegiado melhor, mais dinamismo, mais responsabilidades, mais ações, mais resultados, mais inserção e influência positiva, exemplar, na edificação de uma sociedade desejável, com horizontes mais claros de um mundo novo. Ainda nos dias presentes não é vergonhosa a postura do governo federal frente à violação dos direitos humanos por parte do governo chinês? O Ministério das Relações Exteriores respondeu à Carta Aberta do Colegiado? Responderá a essa e outras questões na medida de sua intensidade junto à sociedade brasileira, pelo maior número de brasileiros nas Sangas e nos demais meios budistas brasileiros. O CBB como voz ativa do Budismo, organizado para ter inquestionável autoridade ética e social, bem como diretrizes ponderadas de sua sabedoria espiritual. O isolamento de iniciativas em suas variadas vertentes não será mais saudável para o crescimento harmônico do conjunto do Budismo brasileiro. O CBB, salvo melhor juízo, não pode parar de liderar, crescer e agir, daqui para frente sempre assumindo novas responsabilidades sociais, para as mudanças e melhorias na qualidade de vida. A prática do CBB, a prática das Sangas em consonância, a prática dos indivíduos então recebedores de formação consciente são fundamentais para o mundo que queremos. Mas qual o mundo que o CBB quer ver, quer ajudar a construir? Para o sábio Thich Nhat Hanh, "precisamos dar ouvidos ao nosso próprio sofrimento e ao sofrimento de nossa família, comunidade, nação e não só. A Terra está padecendo, nossa sociedade está padecendo e há tanto desespero e violência. É possível ser feliz com uma vida simples, com tempo para tomarmos conta de nós mesmos, de nossa família, daqueles que sofrem e, ao mesmo tempo, promovermos uma justiça social maior. Quando praticamos o segundo treinamento da generosidade para oferecermos nosso tempo, energia e recursos materiais àqueles que necessitam realmente deles, nossa vida torna-se repleta de significado e realização. O Budismo e a prática dos Cinco Treinamentos têm muitos meios para levar mais justiça e compaixão à sociedade. Com plena consciência, compaixão e compreensão dentro de nós, agimos naturalmente, levando a cura a nossas relações, comunidade e sociedade. Devemos estar cientes das situações de injustiça, como desigualdade entre gêneros e a exclusão da mulher, a opressão de minorias, a exploração das crianças e dos pobres. Há muitas formas de falarmos sobre injustiça e de chamarmos a atenção para aqueles que sofrem e não são ouvidos. Podemos organizar passeatas para promover a paz, pois cada passo é um movimento em direção à paz. Não se trata de uma demonstração ou de um protesto, mas sim de uma verdadeira manifestação de paz, de irmandade. Podemos escrever declarações de amor a nossos políticos e representantes. O Budismo Engajado é o primeiro de todos os tipos de Budismo praticado ao longo de todo o dia, ininterruptamente, vivendo em plena consciência e concentração quando caminhamos, dirigimos, cozinhamos, vamos ao banheiro etc. O Budismo Engajado também é a nossa prática dos Cinco Treinamentos da Plena Consciência dentro de nosso ambiente social. Praticamos a compreensão e o amor em nossa família, escola, local de trabalho, hospital, prisão, fábrica, exército, prefeitura e governo. Não precisamos usar termos budistas para trazer a prática à nossa vida diária. Nossa sabedoria é o interser, a Visão Correta Budista do mundo, no sentido de que tudo depende de todo o resto para se manifestar. Não somos apenas nosso corpo e espírito, somos também nosso ambiente. Nosso ambiente é a retribuição de nossa ação coletiva. Viver com simplicidade, desenvolver a compreensão e o amor, cuidar de nosso ambiente, assumir um compromisso em prol do desenvolvimento sustentável. Em outras palavras, seguir o caminho do Buda. Nossa civilização se auto destruirá se não acordarmos a tempo. A prática da escuta profunda e da bondade amorosa preserva e recupera a comunicação. A prática da plena consciência possibilita a transformação e a cura, fazendo com que os pais protejam-se contra o divórcio e o distanciamento de seus filhos. Os Estudos Budistas se tornaram teóricos demais ao longo do tempo. Podemos ser doutores em estudos budistas e não saber como transformar nosso sofrimento e nossas angústias. Não temos a habilidade necessária para formar uma Sanga, para ajudar a reconciliar conflitos em nossa família ou comunidade, para praticar os treinamentos da plena consciência, a concentração e o insight. Hoje em dia, nosso conhecimento sobre o Budismo só nos permite escrever livros budistas e ensinar o Budismo nas escolas. Temos que reorganizar nossos estudos budistas e transformar nossas instituições de ensino em centros de prática também. Vamos formar instituições de Budismo Aplicado e oferecer cursos e práticas voltados à transformação e à cura. Nas escolas, nossas crianças precisam ter a chance de aprender a lidar com a raiva e a violência que trazem dentro de si, saber como escutar com compaixão e usar a fala amorosa. A instrução cívica e a ética budista devem ser ensinadas de modo que mesmo as crianças mais jovens possam praticá-las. O Darma está disponível a muitas pessoas nesta Era Digital. Podemos participar de uma palestra no Darma ao vivo, de uma discussão do Darma, ou até mesmo de uma sessão de meditação sentados com um Mestre e uma Sanga sem sairmos de nossas próprias casas, a quilômetros de distância do Mestre e da Sanga. Contudo, a construção de uma Sanga requer escuta profunda, fala amorosa, compreensão, amor e apoio. Uma Sanga por correspondência não é suficiente. Uma Sanga com uma boa prática sempre carrega consigo o Buda vivo e o Darma vivo. Assim, aprender meios de construir uma Sanga torna-se uma prática essencial. É também muito importante modernizar e atualizar nossas tradições para que permaneçam relevantes às pessoas de nossa era. O Buda nos ofereceu uma ferramenta diagnóstica muito boa sob a forma das Quatro Nobres Verdades: o sofrimento, as raízes do sofrimento, o fim do sofrimento e a prática para cessar o sofrimento. O Budismo deve ser praticado à luz das Quatro Nobres Verdades e a transformação e a cura de que necessitamos deverão acontecer aqui e agora, e não posteriormente, em outro mundo. Sabemos muito bem como apresentar teorias budistas, mas ainda não conseguimos colocar seus lindos ensinamentos em prática no aqui e agora. A prática, principalmente o Darma vivo, deve ser bela no aqui e no agora. Vamos aproveitar esta oportunidade para compartilhar nosso insight e nosso despertar, vamos nos comprometer a viver nossa vida diária à luz deste insight e deste despertar, e apoiar uns aos outros neste caminho de vida. As contribuições do budismo à construção de uma sociedade, justa, democrática e civil devem ser observadas em nossa prática, em nossa vida diária. Através de nossa consciência, nosso despertar, nosso compromisso, podemos ser a própria mudança que queremos ver em nossa sociedade".


 Definidas, sopesadas essas considerações, seriam mais facilmente elencadas as "metas" para o Budismo no Brasil, no enfrentamento dos desafios do Século XXI e amadurecimento das questões seguintes:
 

1º O que o CBB quer para o CBB?
2º O que o CBB quer para o Budismo brasileiro?
3º O que o CBB quer para as Sangas brasileiras?
4º O que o CBB quer para a Sociedade brasileira?
5º O que o CBB quer para os demais Povos e, de uma forma muito especial, para o Planeta Terra?
6º Em vista das cinco questões anteriores, quais as ações a serem implementadas e o organograma a que se propõe cumprir?
7º Quais as recomendações formais e as atuações a serem passadas às Sangas, demais Instituições, direta ou indiretamente ligadas ao Darma, e à Sociedade brasileira, para a construção de uma realidade mais equilibrada e equânime?


 A sabedoria dos tempos atuais está em conseguir fora sem deixar morrer dentro. No caminho do meio resta o desafio do homem integral.


 Com a máxima vênia, é tempo de mais semeadura. É tempo de mais transformação. Nós, pessoalmente, acreditamos na grande capacidade de cada Membro e no potencial imenso do Colegiado Buddhista Brasileiro. Estamos, portanto, profundamente convosco. Estejam também conosco.


 Fraternal e cordialmente,

 Flávio Marcondes Velloso, professor
http://fmarcondesvelloso.blogspot.com
VIII-2008


 Post Scriptum
"Que eu me torne em todos os momentos, agora e sempre,
um protetor para os desprotegidos,
um guia para os que perderam o rumo,
um navio para os que têm oceanos a cruzar,
uma ponte para os que têm rios a atravessar,
um santuário para os que estão em perigo,
uma lâmpada para os que não têm luz,
um refúgio para os que não têm abrigo e
um servidor para todos os necessitados."
(Dalai Lama)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Budismo no Brasil para o Século XXI

 
BUDISMO NO BRASIL PARA O SÉCULO XXI


 "Um ser humano é parte de um todo chamado por nós de Universo, é uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experiencia a si mesmo, seus pensamentos e sentimentos, como alguma coisa separada do resto ─ uma espécie de ilusão de ótica de sua consciência. Essa ilusão é uma forma de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e à afeição por umas poucas pessoas próximas. Nossa tarefa deve ser a de nos libertarmos dessa prisão alargando nossos círculos de compaixão para envolver todas as criaturas vivas e o todo da natureza em sua beleza. Não descobri a teoria da relatividade apenas com o pensamento racional, pois acho que chegaremos, num futuro próximo, a uma concepção de relação entre ciência e religião muito diferente da usual... E sustento, diante de quem for, que o sentimento religioso cósmico é a mais forte motivação da pesquisa científica... A religião do futuro será uma religião cósmica. Deve transcender um Deus pessoal e evitar os dogmas e as teologias. Abrangendo ambos o natural e o espiritual, ela deve estar baseada num senso religioso que surja da experiência de todas as coisas, naturais e espirituais em uma unidade que tenha significância. O Budismo preenche essa descrição. Se existe alguma religião que esteja à altura das necessidades científicas modernas, essa religião é o Budismo." (Albert Einstein, Ideas and Opinions, 1954, in Sogyal Rinpoche, O Livro Tibetano do Viver e do Morrer)

 Em "A Bússola do Zen" traz-se "a essência viva da Espiritualidade para o mundo atual". A "Bússola do Zen" é uma apresentação simples, clara e frequentemente bem-humorada de praticamente todos os ensinamentos essenciais transmitidos pelo Buda, oferecida por um dos mais geniais Mestres Zen já surgidos. Desfilam nesta obra desde as "Quatro Nobres Verdades", "As Seis Perfeições" e o chamado "Caminho Óctuplo", até uma grande variedade de tópicos, tais como: Carma, Impermanência, Natureza da Mente, Sutras (do Coração, Diamante, Avatamsaka, Lótus, entre outros) em primorosos e fascinantes capítulos, repletos de magníficas histórias, tratados com brilhantismo e vivacidade. Todo esse conteúdo se revela imediatamente aplicável ao caminho interior de todas as pessoas, favorecendo o seu desenvolvimento espiritual e o alcance da felicidade na vida cotidiana". (Seung Sahn, A Bússola do Zen: a essência viva da espiritualidade para o mundo atual)

 Naturalmente, as referências acima de longe têm a pretensão de esgotar a jornada de cada um impondo-se. São meros pontos de partida sequer imprescindíveis. De fato, são inúmeras as escolas, são inúmeras as linhagens, são inúmeros os países de predominância budista, por essa ou aquela prática budista, por esse ou aquele mestre. A literatura budista está em constante enriquecimento, ressurgimento, mesmo na versão da língua portuguesa não se pode dizer que seja paupérrima. Até porque, "o verdadeiro budismo é o não budismo, o verdadeiro mestre é o não mestre, o verdadeiro discípulo é o não discípulo, a verdadeira meditação é a não meditação, a verdadeira busca é tão somente o encontro do que sempre esteve, iluminação. A verdadeira palavra é aquela não proferida". (FMV, Escritos Esparsos, 2013, http://fmarcondesvelloso.blogspot.com)

 "Modernamente, o sentido da prática do Zen pode ser empregado como uma técnica acurada de se conhecer a si mesmo. Modernamente, o sentido da Sangha pode ser empregado, deve ser empregado para atingir o Universo inteiro. Não se cresce mais isolado em refúgios, plenamente hoje se cresce apenas no Amor Universal."  (FMV, Escritos Esparsos, 2013, http://fmarcondesvelloso.blogspot.com)
  
 Vale encerrarmos essa apresentação do blog "Budismo no Brasil", justamente no tema "Budismo no Brasil para o Século XXI", em especial por sua motivação não sectária, universal, com a Sua Santidade o Dalai Lama:

 "Insisto em afirmar que as principais religiões do mundo - budismo, cristianismo, judaísmo, confucionismo, hinduísmo, islamismo, jainismo, sikhismo, taoísmo, zoroastrismo - possuem os mesmos ideais de amor, o mesmo objetivo de beneficiar a humanidade por meio da prática espiritual, e a mesma determinação de aprimorar seus praticantes como seres humanos. Todas as religiões pregam preceitos morais para o aperfeiçoamento da mente, do corpo e da fala. Todas nos ensinam a não mentir, a não roubar ou a não tirar a vida de outras pessoas. A essência de todos os preceitos morais preconizados pelos grandes mestres da humanidade é o não egoísmo. Esses mestres tinham como objetivo redimir os praticantes de ações negativas, frutos da ignorância, e conduzi-los ao caminho do bem. Cristo foi um grande mestre, sem dúvida. Alguém que influenciou tanta gente por tanto tempo não é certamente um ser comum. Entendo que ele foi a encarnação de um Buda." (Dalai Lama, Pregação Ecumênica, São Paulo, Brasil, 2006)
   
 Àqueles que incursarem na vastidão do mundo sob a ótica dos ensinamentos do Buda, estou certo de que o fascínio será infinito. A vida é muito simples, somos nós que a complicamos. O respeito a todos os seres, a compaixão e o amor universal devem estar em nós como o ar que sustenta a nossa sobrevivência enquanto homens sobre a Terra. Nada além disso o budismo ensina. Não tendo a pretensão de ensinar muito, ele ensina tudo, no despertar do que realmente vale, o nosso Buda interior, em outras palavras, a serena alegria, a real e plena felicidade, a emoção que é viver a vida como ela é, transformando-a em nós mesmos e, por conseguinte, compartilhando-a no todo de nossa manifestação presente. Sem a prática do amor universal nada importa. Fora da compaixão não há iluminação presente.

Flávio Marcondes Velloso, professor, escritor, membro da Associação de Direito e Economia Europeia da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, do Instituto Pimenta Bueno da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, da União Brasileira de Escritores, fundador do Partido Budista Brasileiro, uma referência moral, virtual, autor de "Tribunal Internacional de Justiça. Caminho para uma Nova Comunidade", ISBN 85-86633-42-9 , de "Ensaios Jurídicos. Temas Inéditos", ISBN 85-86633-09-7, compreendendo "Direito de Ingerência por Razões Humanitárias em Regiões de Conflito. Corredores Humanitários", "Fidelidade Partidária, um Desafio à Democracia do Brasil", "Direito do Mar, Área, Partida para um Novo Direito Internacional", dentre outras publicações. Endereço eletrônico flaviomarcondesvelloso@gmail.com . Blogs  http://religionofthethirdmillennium.blogspot.com, http://budismonobrasil.blogspot.com, http://zennothingspecial.blogspot.comhttp://zenatual.blogspot.com 
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