quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Dalai Lama


O DALAI LAMA, O BRASIL E O MUNDO

Nós do Ocidente somos acostumados a que modelo de sucesso? Valemos pelo que somos ou pelos recursos de que dispomos? Nesse contexto, qual a importância do Tibete para o mundo e qual a importância da China?

Sua Santidade o Dalai Lama é um líder para as coisas do coração e da mente. Não representa os interesses de mercado a nenhum governo ou Estado. Razão essa que possibilitou, sem reação à altura da Comunidade Internacional, a invasão de seu território tibetano pelo Estado chinês há mais de meio século, protagonizando um genocídio cultural contra o seu Estado, que continua a ser ocupado, subjugado, exterminado. Aqui, uma ação de reintegração de posse perante o Tribunal Internacional de Justiça, no Palácio da Paz, na Haia, Holanda, seria muitíssimo oportuna, revisionista, educativa e histórica (nesse sentido, veja http://tibetparaomundo.blogspot.com). Com o concurso da civilização, o Tibete deveria tornar-se patrimônio da humanidade e preservado, antes que desapareça por completo.

O Brasil, visando a interesses de mercado e da força a que representa a China como sua aliada internacional no cenário dos negócios, dificultou o quanto pode o visto de ingresso para Sua Santidade e delegação, em sua quarta visita ao país, bem como ignorou oficial e solenemente a sua presença entre nós, nesses últimos dias 15, 16 e 17 de setembro do ano de 2011. Nenhum ministro, nem mesmo um emissário da Casa de Rio Branco para dar as boas vindas a Sua Santidade, muito menos a presidente da República. Lastimável e vergonhosa postura do Estado e do governo brasileiros, seduzidos pelo tilintar das moedas chinesas em perspectiva. Fato esse não desapercebido e muito criticado pela imprensa internacional.

Em São Paulo, no dignificante World Trade Center que o recebeu de braços abertos, com muito carinho e cônscio de sua importância para o Brasil e o mundo, assinalando assim exemplar, coerente e decidida acolhida em sua essência de igualdade, essência essa promotora de prosperidade, respeito e entendimento entre os povos, Sua Santidade trouxe a sua mensagem de Responsabilidade Universal para os diversos segmentos que compõem a atividade humana, da ciência à espiritualidade, não deixando de propor um novo modelo de sustentabilidade para a economia em transformação, com a lucidez da compaixão e do respeito ao outro, única maneira de garantir sobrevivência a um planeta exaurido pela ganância e erros do passado, arrastados ao presente. Dr. Ozires Silva, fundador da Embraer e presidente do Fórum de Líderes, e Dra. Cristiane Bomeny, médica e executiva, defensora de uma Nova Consciência, puderam falar de Indústria da Paz. Cientistas pesquisadores da USP, UNIFESP e Einstein incursionaram na Plasticidade do Cérebro. Sua Santidade, na necessidade de um Homem Holístico, Integral, de Pensamento, Expressão e Ação adequados, respondendo a todos.

Se tivéssemos que nominar as dez pessoas mais importantes da metade do século passado para cá, certamente o Dalai Lama estaria em todas as listas. O mundo, carecemos de líderes, carecemos de ética, carecemos de educação, carecemos de um novo projeto de civilização em que o planeta e seus habitantes sejam menos violentados e possam alcançar uma sobrevivência de mais qualidade. O diálogo propicia uma inafastável tolerância para o encontro do homem consigo próprio, ultrapassando as barreiras que criamos em nós mesmos. Dessa quadra em diante, não basta mais ser humano, é preciso interser, interagir com o todo e pelo todo. E, diga-se, rigorosamente sequer humanos temos sido! É imperioso, portanto, uma reforma a partir de um olhar para dentro. A mensagem de Sua Santidade nos aponta esse como único saudável caminho.

Tanto queremos, tanto desejamos, tanto nos emaranhamos na teia da vida que nós mesmos empatamos. Nos falsos valores e sonhos equivocados que experimentamos. A vida na Terra não suporta mais os erros da improvisação, motivações e ambições egóicas. Os erros do desamor, da falta de responsabilidades sociais e de uma maior coerência no que respeita a uma consciência global. Praticar o "somos todos um" não é poesia ou vislumbre lunático, mas o ajuizado, pertinente exercício da inteligência humana a favor da vida.

A educação e o comportamento do homem precisam voltar-se para o ser. Caberá à impulsão da crise presente acertar uma saída de amadurecimento e elevação para o estágio evolutivo que se encontra. O homem não tem de fato vivido em crises, o homem é a crise, mas a crise que o levará ao centro de si mesmo. Estejamos atentos e não percamos a oportunidade do momento. Sua Santidade o Dalai Lama, com sua peculiar sabedoria, não se cansa de cruzar a Terra, iluminando-a de compaixão e equilíbrio, por onde passa, por onde anda. 

Felizes os comuns dos brasileiros e outros povos que se interessam em aprender com Sua Santidade, sempre disposto a ensinar e compartilhar com todos.

Flávio Marcondes Velloso, escritor, professor, membro da União Brasileira de Escritores, do Instituto Pimenta Bueno da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, da Associação de Direito e Economia Europeia da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, fundador do Partido Budista Brasileiro, uma referência moral, virtual, autor de "Direito de Ingerência por Razões Humanitárias em Regiões de Conflito", "Tribunal Internacional de Justiça. Caminho para uma Nova Comunidade", dentre outros. Blog http://fmarcondesvelloso.blogspot.com . Endereço eletrônico flaviomarcondesvelloso@gmail.com .